No universo de desenvolvimento interior, onde podemos destacar a programação neurolinguística e o coaching, e sobretudo no coaching sistêmico fala-se muito sobre a importância de mudar os paradigmas interiores; o termo é muito comum mas muito gente não entende o que significa exatamente mudar paradigmas; escrevi esse artigo para tentar esclarecer um pouco a idéia.
O termo paradigma tem sido amplamente usado como a forma de percebermos e atuarmos no mundo, ou seja, nossas regras de ver o mundo; podemos definir paradigma (do grego paradeigma = modelo, padrão) como conjuntos de regras e regulamentos que estabelecem limites; como é comum em padrões de comportamento, são essas regras e regulamentos que vão nos dizer como ter sucesso na solução de situações-problema, dentro desses limites.
"Um homem ia dirigindo em alta velocidade por uma estrada, quando deparou com um carro que vinha na contramão, dirigido por uma mulher, que lhe gritou: “porco!”. Ele imediatamente gritou: “vaca!”, pois, de acordo com suas antigas regras, ele, ao ser xingado (que é como ele interpretou o grito da mulher), devia xingar também. Pois bem; xingou, acelerou seu carro e em seguida atropelou um porco que estava no meio da estrada." (Maria José Vasconcellos)
O tempo todo estamos vendo o mundo por meio de nossos paradigmas. Eles funcionam como filtros que selecionam o que percebemos e reconhecemos e que nos levam a recusar e distorcer os dados que não combinam com as expectativas por eles criadas. Sendo diferentes os paradigmas de duas pessoas em relação a um determinado tema, o que é percebido por uma será imperceptível para a outra; chama-se isso de "efeito paradigma".
O termo paradigma entrou em evidência depois que foi amplamente usado por Thomas Kuhn, em 1962, em seu livro A estrutura das revoluções científicas. Nesse livro Kuhn descreve uma experiência de percepção, realizada por Bruner e Postman, com cartas de baralho. Cartas normais de baralho são intercaladas com outras que sofreram alterações, como um seis de copas com figuras pretas. Pessoas são convidadas a identificar as cartas que lhe são apresentadas; curiosamente, as pessoas habituadas a lidar com baralhos são as que possuem maior dificuldade em identificar as alterações: seus sentidos distorcem os dados para ajustá-los a seu "paradigma de baralho"; ele vê todas as cartas como "normais".
Em outras palavras: será sempre muito difícil perceber aquilo que está além do nosso paradigma.
Além de influir sobre nossas percepções, nossos paradigmas também influenciam nossas ações: fazem-nos acreditar que o jeito como fazemos as coisas é o "certo" ou "a única forma de fazer". Assim costumam nos impedir de aceitar idéias novas, tornando-nos pouco flexíveis e resistentes a mudanças.
Um exemplo simples de paradigma em ação: os pais vão com as crianças fazer um lanche na casa das avós. Esses colocam um queijo na mesa e o menino toma a faca e vai cortá-lo em fatias, como se corta uma pizza. Imediatamente a avó tira a faca de sua mão, dizendo-lhe: "não é assim que se corta o queijo", e mostra-lhe o jeito "certo", fatiando o queijo com cortes paralelos. O menino se assusta e não entende o que fez errado, pois o paradigma de um "jeito certo de cortar queijo" ainda não existe para ele.
Em geral, as pessoas que criam novos paradigmas são pessoas externas à área que será modificada; como estão chegando agora não estão presas aos velhos paradigmas, ou seja, sua percepção e capacidade de análise não estão limitadas, pois os paradigmas nos isolam dos dados que os contrariam. É por isso que os movimentos de mudança costumam começar nas bordas, nos limites da área em questão.
Há em coaching uma pergunta estruturada para nos ajudar a perceber os limites de nossos paradigmas atuais:
"O que hoje me parece impossível fazer, mas que se fosse feito, mudaria radicalmente as coisas?"
Coisas impossíveis hoje pode ser o padrão de amanhã; podemos fazer com que isso aconteça; foram alguns antepassados que lidaram com mudanças de paradigmas que tornaram possível coisas como o rádio, o avião, a luz elétrica e tantas outras coisas. Também nós temos a capacidade para criar e lidar com mudanças de paradigmas.
A "paralisia de paradigma" pode nos impedir de ver as oportunidades positivas que se encontram à nossa volta; para percebê-las precisamos ser flexíveis e dispostos a perceber coisas além dos que estamos habituados.
Para finalizar, Maria José Vasconcellos, em seu livro Pensamento Sistêmico: o novo paradigma da ciência conta uma anedota curiosa:
Um homem ia dirigindo em alta velocidade por uma estrada, quando deparou com um carro que vinha na contramão, dirigido por uma mulher, que lhe gritou: "porco!". Ele imediatamente gritou: "vaca!", pois, de acordo com suas antigas regras, ele, ao ser xingado (que é como ele interpretou o grito da mulher), devia xingar também. Pois bem; xingou, acelerou seu carro e em seguida atropelou um porco que estava no meio da estrada.
Para se aprofundar no assunto leia o artigo: Definição da palavra Paradigma - O que é paradigma? Conceito e explicação. O que são paradigmas? Qual a definição da palavra paradigma? O que é preconceito? Você encontrará as respostas que necessita além de vários exemplos, confira!
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Marcelo Leandro de Campos tem experiência de 15 anos como palestrante de Autoconhecimento e treinamentos motivacionais e comportamentais; é professor de Educação Financeira na EGDS e Master Coach. Para contato e maiores informações visite minha minha página pessoal.
Sobre o autor: Ivan Bottion é empresário, publicitário, empreendedor e um dos principais colaboradores do site Esoterikha.com na produção de conteúdo. Também assina muitos de seus textos com o pseudônimo de Luis Alves, tendo assim a liberdade de se expressar sobre os mais diversos assuntos disponíveis neste site. Seguir: Google + | Facebook | Twitter