Introdução ao Coaching Sistêmico de Bernd Isert - Uma metáfora sobre o Pensamento Sistêmico

Seguindo nossa série de artigos sobre Coaching e Pensamento Sistêmico, vou compartilhar com os leitores uma metáfora que ajuda a entender alguns princípios da lógica sistêmica.

O alemão Bernd Isert, fundador do Metaforum Internacional, diz que há uma grande diferença entre ver a vida de uma forma linear (a famosa lógica de causa e efeito) e ver a vida de forma circular, sistêmica; o conceito de sistema é de difícil compreensão. Ele cita então um exemplo bem didático: imaginem um grupo de pessoas num ponto de ônibus; elas estão ali com um propósito definido, o de embarcar num ônibus que vai levá-las para casa ou para seu trabalho; elas não se conhecem entre si, e isso não tem nenhuma importância para o propósito que as levou até ali. No entanto, se por alguma razão o ônibus se atrasar, aquelas pessoas no ponto de ônibus vão começar a conversar entre si; diálogos banais sobre atrasos de ônibus e coisas do tipo que podem permitir que aquelas pessoas descubram enormes afinidades entre si.

"O coaching sistêmico desenvolvido por Bern Isert trabalha o tempo com a necessidade de mudar os paradigmas com os quais enxergamos o mundo que nos rodeia: quando alguma coisa afeta nossos planos, isso não é necessariamente ruim; devemos estar abertos para perceber as novas oportunidades que estão se abrindo" (Marcelo Campos, Master Coach)

Amizades iniciadas dessa forma poderiam levar a relações profundas e intensas como um casamento, ou criar uma rede de networking que ajudariam algumas destas pessoas a encontrar um novo emprego; em resumo, um atraso no ônibus mudando radicalmente a vida de algumas pessoas.

Para nossa lógica linear acontece algo muito simples: o ônibus atrasa e isso vai prejudicar minha agenda naquele dia; é um problema. Para uma lógica sistêmica existe um campo de forças diversas atuando de forma complexa para atender necessidades essenciais daquele sistema (o grupo de pessoas no ponto de ônibus).

Percebem a idéia? Um “problema” nem sempre é 100% “problemático”: problemas podem aproximar pessoas, podem criar interações e estimular o estabelecimento de metas e planos de ações. É muito importante compreender isso: uma pessoa “linear” poderia ficar tão furiosa com o atraso do ônibus que ficaria incapaz de aproveitar o momento para interagir com as outras pessoas e desperdiçaria uma oportunidade de ouro para mudar radicalmente sua vida; isso sim é que seria um “problema”.

O coaching sistêmico desenvolvido por Bern Isert trabalha o tempo todo essa necessidade de mudar os paradigmas com os quais enxergamos o mundo que nos rodeia: quando alguma coisa afeta nossos planos, isso não é necessariamente ruim; devemos estar abertos para perceber as novas oportunidades que estão se abrindo. Nossa visão de mundo é excessivamente rígida; precisamos desenvolver uma nova visão mais flexível e fluída.

Vamos dar um pequeno exemplo: no coaching tradicional nós oferecemos apoio para que o cliente consiga atingir uma meta, profissional ou pessoal. Nesse processo o coach estimula seu cliente a avaliar os recursos que possui para ter sucesso. Recursos é um termo tremendamente genérico; é basicamente qualquer coisa que possa ajudar de alguma maneira: valores interiores, conhecimentos, experiências; suporte material (dinheiro, equipamentos, ferramentas, etc.). Uma importante fonte de recursos que sempre negligenciamos é nossa rede de relações: minha família, meus amigos, pessoas que conheço em geral. E isso porque partimos de um paradigma falso: pensamos nossa vida como algo essencialmente individual; basta olhar para o herói dos filmes e vamos encontrar um cara durão, o homem forte que consegue resolver tudo sozinho.

Isso é falso: não estamos sozinhos; não vivemos sozinhos. Nós convivemos o tempo todo; somos uma parte de várias identidades coletivas: uma família, um círculo de amigos, uma equipe de trabalho. Precisamos disso: é por isso que vivemos em cidades, que formamos famílias e trabalhamos em empresas. Cada grupo de pessoas constitui um sistema com dinâmicas próprias; se eu tenho um problema isso afeta o equilíbrio do sistema, e vice-versa. Então não basta olhar para meu próprio umbigo: viver bem significa também compreender exatamente os sistemas em que estamos inseridos; para isso precisamos entender melhor como nos relacionamos com as pessoas.

Sendo mais claro: a forma como nos relacionamos com as pessoas constitui um dos aspectos mais importantes de nossa vida. Ter essa compreensão é um dos pilares do trabalho de Coaching Sistêmico.

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Marcelo Leandro de Campos tem experiência de 15 anos como palestrante de Autoconhecimento e treinamentos motivacionais e comportamentais; é professor de Educação Financeira na EGDS e Master Coach. Para contato e maiores informações visite minha minha página pessoal.