Essa é a segunda parte do artigo intitulado a ética em uma sessão de coaching sistêmico, para um melhor aproveitamento deste conteúdo sugiro a leitura prévia deste artigo para uma visão geral, o link está no final do texto.
De qualquer forma, é preciso lembrar que os coaches estão desenvolvendo uma postura baseada na ética e na transparência pessoal. Atenção: É, portanto, fortemente recomendável que o coach admita imediatamente a seu cliente se possui algum tipo de envolvimento pessoal com a questão trazida por ele.
"O primeiro princípio sobre o compartilhamento do envolvimento pessoal com a questão do cliente é a humildade. Em qualquer situação é importante esclarecer que cada experiência constitui uma luta diferente e uma nova descoberta." (Marcelo Campos, Master Coach)
Para dar um exemplo, imagine um cliente quer fazer coaching para se tornar capaz de escrever um artigo ou um livro, e que escolhe um coach que por acaso tem problemas de publicação ou escrita, ou que escreveu e publicou um grande número de livros. Caso a realidade do coach seja mantida em silêncio, isso bem que poderia ser percebido como uma flagrante falta de transparência e honestidade para com o cliente. Então, o coach precisa dizer alguma coisa, mas o que e como? Se de fato o coach admite ter escrito uma série de livros, o cliente pode optar por um trabalho de consultoria ou aconselhamento, e, assim, abrir mão da responsabilidade pessoal para realizar uma busca interna sobre o assunto.
Assim, o primeiro princípio sobre o compartilhamento do envolvimento pessoal com a questão do cliente é a humildade. Em qualquer situação é importante esclarecer que cada experiência constitui uma luta diferente e uma nova descoberta. Que duas pessoas não resolvem o mesmo problema, da mesma forma, e qualquer pessoa provavelmente progride na vida de forma muito diferente. É importante para o cliente encontrar sua própria maneira especial de fazer exatamente o que ele quer, em seu próprio ritmo, da maneira que lhe convem. Então a partilha de envolvimento pessoal com a questão do cliente não é tão fácil. É comum que coaches em inicio de carreira acreditem que correm um grande risco de perderem credibilidade. O coach sistêmico deve praticar um método de partilha que seja rápido e eficaz, até que se torne natural.
Há vários passos curtos para tal procedimento de partilha de ética, e o ganho só pode ser plenamente percebido uma vez que se alcance a experiência libertadora que proporciona tanto para o cliente quanto para o coach.
O primeiro passo no processo de partilha ética consiste em pedir aos clientes a permissão para interromper. Isso garante que os clientes prestem atenção para o que vai ser dito na sequência do processo.
A segunda etapa é a de o coach brevemente anunciar a ressonância entre as questões: "Eu estou me dando conta de que tenho (ou já tive) o mesmo problema e que é (ou foi) também algo muito (intenso, difícil, doloroso) para mim".
O terceiro passo é falar do perigo da ressonância entre cliente e coach: "eu poderia me envolver pessoalmente com seu projeto ou sua situação, o que definitivamente não seria útil nem para você, nem para mim".
O quarto passo é oferecer uma solução de co-gestão. "Dito isto, eu estou bem para treinar esta situação se ambos concordarmos em observar que nossos problemas não se misturem nem se, e que você encontre suas próprias soluções pessoais sem que eu o influencie de qualquer forma”.
"Essa proposta está OK para você?" constituiria então o último passo para selar um acordo com o cliente e dar continuidade ao trabalho.
Quando curta e direta, este tipo de intervenção ética apresenta uma série de vantagens sistêmicas que são completamente congruentes com o princípio de humildade e transparência do coach. Ela permite a uma aliança muito mais forte entre coach e cliente como parceiros que partilham os mesmos problemas e desafios humanos e que admitem isso para trabalhar em conjunto sobre eles, preservando o respeito em relação às respectivas diferenças. Deixa claro que o cliente não vai se submeter à experiência anterior ou ao conhecimento do coach. E lembra ao coach que a perfeição pessoal ou profissional e a infalibilidade não são características humanas, e que deve permitir que o cliente trabalhe livre e responsavelmente sobre sua questão. Ele liberta a energia do coach que poderia ficar bloqueada no processo de manter e esconder os sentimentos de ressonância, emoções, pensamentos, comportamentos, julgamentos, etc.
E para concluir a longa lista de benefícios diretos e indiretos, as intervenções éticas são totalmente de acordo com o ponto de vista sistêmico de que somos todos responsáveis em um universo participativo.
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Marcelo Leandro de Campos tem experiência de 15 anos como palestrante de Autoconhecimento e treinamentos motivacionais e comportamentais; é professor de Educação Financeira na EGDS e Master Coach. Para contato e maiores informações visite minha minha página pessoal.
Sobre o autor: Ivan Bottion é empresário, publicitário, empreendedor e um dos principais colaboradores do site Esoterikha.com na produção de conteúdo. Também assina muitos de seus textos com o pseudônimo de Luis Alves, tendo assim a liberdade de se expressar sobre os mais diversos assuntos disponíveis neste site. Seguir: Google + | Facebook | Twitter