Falemos agora sobre os cavaleiros templários. Conversemos um pouco a respeito desses fiéis guardiões do Santo Graal. Que nos escutem os Deuses e que as musas nos inspirem. Que diremos do castelo de Montsalvat? Cantemos todos o Hino do Graal:
Dia a dia, colocado como se fosse para a última ceia do amor divino, o festim será renovado, como se hoje pela última vez houvesse de consolar, que se aja nas boas obras deleitado… Aproximemo-nos do ágape para os augustos dons receber.
Assim como entre dores infinitas correu um dia o sangue que redimiu o mundo, seja meu sangue derramado gozoso pela causa do Herói Salvador. Em nós vive pela sua morte, o corpo que ofereceu para nossa redenção.
Viva para sempre nossa fé, pois que sobre nós desce a Pomba, propícia Mensageira do Redentor. Comam do pão da vida e bebam do vinho que para nós manou.
Vejam lá… homens e Deuses! Os Cavaleiros do Graal e seus escudeiros. Todos eles vestem-se com túnicas e mantos brancos, semelhantes aos dos Templários, porém ao invés da vermelha cruz Tau daqueles, ostentam com todo o direito uma pomba em pleno vôo cinzelada nas armas e bordada nos mantos.
Extraordinário símbolo do Terceiro Logos, vivo signo do Espírito Santo, Vulcano, essa maravilhosa força sexual com a qual podemos fazer tantos prodígios e proezas.
Bom… convém penetrar no profundo significado do drama de Wagner.
Que digam algo: Amfortas, tipo específico do remorso; Titurel, a voz do passado; Klingsor, o mago negro; Parsifal, a redenção; Kundry, a sedução; Gurnemanz, a tradição.
Soa nas maravilhosas trombetas o toque solena da Alvorada. Gurnemanz e seus dois escudeiros se ajoelham e rezam silenciosos a oração matutina.
Do Graal, chegam dois fortes cavaleiros com o evidente propósito de explorar o caminho que vai seguir Amfortas, o rei do Cálice Sagrado.
O velho sucessor do rei Tituriel vem mais cedo que de costume banhar-se nas sagradas águas do lago.
Seu desejo é de acalmar as fortes dores que o afligem desde que recebeu, para sua desgraça, o espantoso lançaço com que o perverso mago negro Klingsor o feriu.
Triste história a de Klingsor! Horror! Sincero equivocado como muitos que andam por aí. Vivia ele em um local ermo, pois queria ser santo. Declarou-se inimigo de tudo que tivesse sabor sexual, lutou espantosamente contra as paixões animais, levou sobre seu corpo flagelado cruentos cilícios e chorou muito. Porém, tudo foi inútil, a luxúria, a lascívia e a secreta impudícia, tragavam-no vivo apesar de todos seus esforços e sacrifícios. Então, ó Deus! Impotente, o infeliz para eliminar as paixões sexuais resolveu mutilar-se, castrar-se, com as próprias mãos.
Depois, suplicante, estendeu suas mãos para o Graal, mas foi repelido com indignação pelo guardião. O infeliz pensou que odiando o Espírito Santo, repelindo o Terceiro Logos, destruindo os órgãos sexuais, seria adimitido no castelo Montsalvat.
O desgraçado pensou que seria admitido na Ordem do Santo Graal sem a maithuna, sem ter conseguido antes o Segundo Nascimento, vestido com farrapos lunares.
O pobre e sofrido cavaleiro supôs que poderia trabalhar com o Segundo Logos, o Cristo, sem antes haver trabalhado com o Terceiro Logos, o Espírito Santo.
Finalmente, despeitado, o tenebroso Klingsor resolveu vingar-se injustamente dos nobres Cavaleiros do Santo Graal.
Transformou o ermo de penitente em um jardim feiticeiro e fatal de voluptuosos deleites e encheu com mulheres perigosamente belas, delicadas e diabólicas.
Nessa mansão deliciosa, acompanhado das suas beldades, ele espera em segredo pelos Cavaleiros do Graal a fim de arrastá-los à concuspiscências que inevitavelmente conduz as pessoas aos mundos infernais.
Aquele que se deixa seduzir pelas provocadoras diabesas é sua vítima. Assim, conseguiu levar à perdição muitos cavaleiros.
Amfortas, rei do Graal, combateu o desventurado Klingsor, pretendeu terminar com a praga do encantamento fatal, porém caiu rendido de paixão nos braços impúdicos da luxuriosa Kundry. Momento formidável para Klingsor. Idiota teria sido se perdesse a oportunidade. Audazmente, arrebata a sagrada lança das mãos de Amfortas e triunfante se afasta rindo. Assim foi como Amfortas, rei do Graal, perdeu aquela lança bendita com que Longibus ferira no Gólgota o costado do Senhor. Amfortas, ferido também no costado pela espantosa chaga do remorso, sofre o indizível.
Kundry, deliciosa mulher de extraordinária e fascinante beleza, também sofres com o remorso e serves, humildemente, aos irmãos do Santo Graal. No fundo, tu, mulher fatal, és tão somente um instrumento de perfídia a serviço do mago das trevas. Queres caminhar pela senda da luz, porém cais hipnotizada.
Amfortas, absorto em profunda meditação íntima, escuta em estado de êxtase as misteriosas palavras que saem do Graal: O sapiente, o iluminado pela compaixão, o casto inocente, espera-o. Ele é meu eleito.
Nisto, algo inusitado acontece, promove-se um grande alvoroço entre a gente do Graal. Precisamente do lado do lago tinham surpreendido a um ignorante rapaz que, errante por aquelas margens, acabara de ferir mortalmente um cisne, ave sagrada, de imaculada brancura. Porém, para que tanto escândalo? Para Parsifal isso corresponde a um passado já lavado nas deliciosas águas do Letes.
Quem não feriu mortalmente o cisne sagrado? O Terceiro Logos? Quem não assassinou o milagroso Hamsa? O Espírito Santo? Quem, fornicando, não assassinou a Ave Fênix do paraíso? Quem não pecou contra o imortal Íbis? Quem não fez sangrar a santa pomba, símbolo vivo da força sexual? Parsifal tinha chegado a total inocência depois de haver sofrido muito. O filho de Herzeleide, uma pobre mulher do bosque, realmente ignorava as coisas mundanas e estava protegido pela sua inocência.
As tentativas feitas pelas mulheres, flores de Klingsor, resultaram inúteis. As infelizes não conseguiram seduzir o inocente e fugiram vencidas. Inúteis foram os esforços sedutores de Herodias, Gundrigia, Kundry… As suas artes fracassaram e, vendo-se vencida, clama, pede auxílio a Klingsor, quem desesperado arroja enfurecido a lança sagrada contra o rapaz.
Parsifal estava protegido pela inocência e a lança em vez de atravessar o seu corpo, flutua por alguns instantes sobre sua cabeça. O rapaz a pega com sua mão direita, em seguida bendiz com a afiada arma, faz o sinal da cruz e o castelo de Klingsor afunda no abismo, convertido em poeira cósmica. Depois vem o melhor, Parsifal acompanhado por seu Guru Gurnemanz entra no templo de Monserrat, Catalunha, Espanha.
Abrem-se as portas do templo e os Cavaleiros do Graal penetram no santo lugar em solene procissão. Eles vão se colocando de maneira ordenada e com infinita veneração nas longas mesas manteladas, paralelas, entre as quais há um espaço vazio no meio.
Deliciosos momentos aqueles em que se celebra a ceia mística, o banquete cósmico do Cordeiro Pascal.
Extraordinários instantes aqueles em que se come o pão e se bebe o vinho da transubstanciação. O bendito cálice onde José de Arimatéia recolheu o sangue que corria das feridas do Senhor no Gólgota de todas as amarguras, resplandece gloriosamente durante o ritual. Momentos inefáveis do PLEROMA são aqueles em que Parsifal cura milagrosamente a ferida de Amfortas ao aplicar no flanco a mesma bendita lança que o feriu.
Símbolo fálico formidável essa lança, cem por cento sexual.
Amfortas caiu pelo sexo. Sofreu espantosamente com a dor do remorso, porém graças aos mistérios sexuais regenerou-se, curou-se totalmente.
O Grande Kabir Jesus disse: Aquele que quiser me seguir, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.
Os Cavaleiros do Santo Graal negaram a si mesmos dissolvendo o Eu Pluralizado, incinerando suas sementes satânicas e banhando-se nas águas do Letes e do Eunoe.
Os Cavaleiros do Santo Graal trabalharam na Forja Incandescente de Vulcano. Eles nunca ignoraram que a cruz resulta da inserção do pau vertical no cteis formal.
Os Cavaleiros do Santo Graal sacrificaram-se pela humanidade. Eles têm trabalhado com infinito amor na Grande Obra do Pai.
Textos de: V.M Samael Aun Weor
Os textos acima são seleções de Conferências, Palestras ou textos de autoria do V.M.Samael Aun Weor.
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