Mudança de Paradigmas na Educação - Como quebrar os Paradigmas Educacionais

Desde que o conceito de paradigma foi proposto pelo físico americano Thomas Kuhn suas idéias foram difundidas nas mais diversas áreas do conhecimento e vem contribuindo significativamente para que profissionais das mais diversas áreas possam encontrar novas soluções para os problemas modernos que se apresentam sempre que existem mudanças sócio-econômicas.

“... um paradigma é aquilo que os membros de uma comunidade partilham e, inversamente, uma comunidade científica consiste em homens que partilham um paradigma” (Thomas Kuhn). Veja mais em Definição da palavra Paradigma, o que é paradigma?

Os Paradigmas Educacionais apresentam um novo desafio para educadores que tem em suas mãos aqueles que em breve serão o futuro de nossa nação. Atualmente o Brasil vive um momento único de crescimento e desenvolvimento sócio-econômico que vem mudando as classes sociais, proporcionando um crescimento do poder aquisitivo e um baixo índice de desemprego que só não é menor devido à falta de qualificação profissional que o mercado exige, e quando falamos em falta de qualificação profissional temos que entender que isso se dá justamente pelo fato da baixa qualidade na educação oferecida em todos os níveis, seja no ensino fundamental, no ensino médio ou ensino superior.

Existem as exceções, isso é fato, no entanto para um país de 200 milhões de habitantes o abismo que existe entre a educação de qualidade e a educação oferecida é quase intransponível.

O professor de filosofia Desidério Murcho consegue demonstrar em poucas palavras a verdadeira dimensão do desafio que temos pela frente em prol de formar cidadãos qualificados para suprirem a demanda e as necessidades de um país em desenvolvimento.

"Um estudante que tem um conhecimento sólido de física, história, das línguas cultas mais significativas, de filosofia, geografia, matemática, etc., e que tem instrumentos críticos que lhe permitem avaliar criativamente idéias, será um cidadão bem equipado para enfrentar os desafios do futuro. Um estudante que sabe enfrentar problemas, avaliar e propor teorias e argumentos - que sabe, em suma, por si só - é um cidadão criativo e crítico, elementos sine qua non (sem a/o qual não pode deixar de ser) para uma sociedade próspera." (Desidério Murcho, português, professor de filosofia na Universidade Federal de Ouro Preto)

Como quebrar os paradigmas da Educação

Novamente voltando às exceções, sabemos que existem educadores que se qualificam constantemente com o objetivo de passar um ensinamento mais objetivo e prático para seus alunos como também existem educadores que param no tempo e com a mera desculpa de que não é bem remunerado afastam-se de seus objetivos primordiais, ensinar, educar, preparar pessoas para o futuro.

Não é novidade para ninguém que os professores do Brasil estão entre aqueles que recebem os menores salários, ainda mais se voltarmos os olhos para o norte e nordeste essa realidade é ainda mais crítica. Existe aqui em primeiro plano uma falha do governo que muitas vezes levado por interesses prefere que o povo seja “ignorante” e que viva dependendo dos programas sociais que enchem a barriga, mas esvaziam a alma e o intelecto. Ajudar os que mais necessitam é dever do estado, no entanto parafraseando um velho ditado, de nada adianta dar o peixe se não ensinamos a pescar.

Agora vamos à resposta para a pergunta: Como quebrar os paradigmas da Educação, como mudar os paradigmas educacionais os quais aprisionam as mentes de educadores em todo o mundo? A resposta está justamente onde a grande maioria não tem vontade de procurar, nos livros, nas idéias propostas por grandes educadores como Paulo Freire, nas pesquisas realizadas pela psicologia comportamental ao longo de décadas e que graças aos esforços de pessoas que vêem na educação e na pesquisa uma maneira de responder todas as perguntas e desafios que assolam a humanidade.

Os 3 grandes paradigmas da Psicologia e da Educação Brasileira

A psicologia é a grande aliada da educação, pois estuda a fundo o comportamento das massas e dos indivíduos, sendo assim, propõe os 3 paradigmas que servem como base para a relação entre o conhecimento passado pelo educador e a capacidade de absorvê-lo pelo aluno.

Primeiro paradigma da psicologia: O objeto é apreendido pelo sujeito. ( S< O). A aprendizagem acontece quando a mudança do comportamento é resultado do treinamento e experiências adquiridas. Aqui vemos uma das grandes verdades da educação brasileira, o aluno, os bacharéis, o médico, saem formados da instituição, mas vão aprender na prática do dia-a-dia da profissão escolhida, ou seja, passamos vários anos investindo em educação e somente quando estamos no mercado de trabalho é que aprendemos na prática aquilo que por anos aprendemos na teoria. Isso nos leva a pensar, se vamos aprender no trabalho, no dia-a-dia, para que investir em uma formação acadêmica? Isso é um debate longo e que não vem ao caso agora.

Segundo paradigma da psicologia: O sujeito possui a capacidade de conhecimento do objeto da aprendizagem. (S >O). Aqui podemos dizer que se aproxima muito ao conhecimento oferecido nas escolas brasileiras, o aluno recebe a teoria do tema estudado e a absorve intelectualmente, no entanto ainda não teve a oportunidade de colocá-la em prática. Este é um problema antigo e recorrente que desestimula o aprendizado onde o aluno não consegue entender por que tem que aprender tudo aquilo, pois não consegue visualizar na prática como esse conhecimento poderá ajudá-lo em seu dia-a-dia ou em sua profissão.

Terceiro paradigma da psicologia: O sujeito age e interage em relação ao objeto, absorve-o em forma de conhecimento e esse resulta em autoconhecimento, ou seja, o sujeito vislumbra como a teoria e a prática pode ajudar em seu dia-a-dia, ele vê resultados imediatos em sua vida. (S < > O) Aqui encontramos um modelo eficiente de educação onde o professor tem recursos para aplicar a teoria explicada em sala de aula e o aluno pode vê-la em ação e comprovar por si só a importância daquilo que está estudando e consequentemente é estimulado a aprender cada vez mais.

Explicados os 3 paradigmas da psicologia com relação à educação e aprendizagem fica claro que os modelos utilizados hoje em dia para ensinar nossos alunos do ensino fundamental, do ensino médio e do ensino superior estão defasados e a conseqüência disso é a falta de mão de obra qualificada para sustentar o crescimento econômico de um país em franco desenvolvimento.

O papel do Professor como agente principal na mudança de Paradigmas na Educação

Seja recebendo o devido apoio do estado ou da instituição onde leciona, cabe ao professor assumir a frente no processo de mudanças de paradigmas na educação para que a longo prazo todos nós sejamos beneficiados, seja através de uma melhor educação ou da formação de profissionais qualificados que já saem prontos da escola para exercer uma profissão ou simplesmente para escolher os caminhos para onde deseja conduzir seu futuro profissional.

O professor não pode deixar que a falta de apoio a sua classe, a sua profissão prejudique aqueles que no futuro governarão o país e saberão dar o verdadeiro valor aos mestres que se dedicam ao ensino e a educação de uma nação.

Nesse processo de quebrar paradigmas na educação o professor deve buscar por si só os meios de qualificar-se, seja através de estudo como autodidata ou através de cursos de qualificação, cabe a ele dar o primeiro passo rumo a uma nova educação onde o aluno poderá interagir com o objeto do estudo e assim aprender na prática como o conhecimento é bom e útil.

Os educadores que lerem esse artigo podem pensar que o exposto aqui é utópico, no entanto uma verdadeira utopia só é possível através da visão de futuro de pessoas que conseguem enxergar além do que está estampado ao alcance de uma visão limitada.

Aqui oferecemos algumas ferramentas para que o professor educador entenda como quebrar paradigmas pode ajudar no crescimento como indivíduo e profissional.