Como motivar alunos e melhorar o processo da Aprendizagem

Hoje gostaria de conversar com os leitores sobre a aprendizagem; a grande maioria das consultas que recebo via e-mail é sobre coaching para estudantes, da parte de pais ou professores preocupados com o baixo rendimento de seus alunos. A preocupação de pais e professores como motivar alunos em sala de aula é facilmente compreensível: a educação é a principal via de acesso a um padrão econômico mais confortável; diplomas trazem uma série de benefícios e enriquecem uma pessoa em diversos sentidos, mas muitos deles funcionam como passaportes exclusivos para carreiras altamente remuneradas. O acesso a esses diplomas milionários (e gratuitos) é ferozmente disputado em vestibulares onde a relação candidato/vaga é superior à proporção de 100 para 1.

Esse tipo de discurso é muito coerente para nós na idade adulta, mas extremamente enfadonho para uma criança ou um adolescente. Falar sobre garantir um bom emprego no futuro é muitas vezes uma receita infalível para ver uma careta de enfado num rosto infantil.

"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua produção ou sua construção. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender." (Paulo Freire.)

Muitas vezes os professores não são treinados para falar com os alunos sobre mercado de trabalho, sobre motivação, não é culpa deles, a culpa pode estar na metodologia de ensino que não prevê esse tipo de aprendizagem. O que acaba servindo como motivador é um discurso bem mais compreensível do tipo "estude senão você repete no final do ano e as coisas vão se complicar por aqui"; alguns pais pintam cenários terríveis do tipo "imagine-se repetindo o ano e ficar na mesma série rodeado de crianças menores, enquanto seus amigos vão para séries superiores e zombam de você".

Em outras palavras, estudar é uma obrigação, um duro fardo para ser carregado por anos a fim. E a escola aquele prédio parecido com uma prisão onde o aluno fica encarcerado por horas todos os dias. Com uma percepção dessas não é de surpreender que muitos alunos tenham enorme dificuldade em aprender.

Pais e professores precisam aprender a serem grandes motivadores de seus filhos e alunos; o segredo para estudar com eficiência está em gostar do ato de estudar. Ninguém dá o melhor de si para atender uma obrigação; nosso melhor esforço é sempre para superar desafios. Essa é a primeira grande lição que nossos filhos devem receber: o aprendizado é uma experiência mágica, transformadora e prazerosa.

Façamos um esforço de memória, vamos nos lembrar daquele momento maravilhoso em que aquele universo indecifrável de letras misteriosas começou a fazer sentido e nos tornamos capazes de ler. Aquilo foi um triunfo fantástico, de um momento para outro ganhamos o acesso a uma gama preciosa de informações; superamos uma etapa de nossas vidas! É importante que saibamos mostrar à criança o enorme valor do que está sendo conquistado, exatamente para que despertemos nela o desejo de seguir aprendendo e ampliando seus horizontes.

Isso implica muitas vezes uma enorme flexibilidade de nossa parte: precisamos aprender a identificar nos hábitos e gostos de nossos filhos ou alunos “ganchos” que podem servir como forças motivadoras; um jovem aficionado por rock, por exemplo, pode ser facilmente estimulado a aprender o idioma de suas canções preferidas. Um apaixonado por esportes pode ter mais facilidade em se interessar em aprender mais sobre o funcionamento do corpo humano; jogos de computador também oferecem ganchos interessantes: muitos deles são ambientados em momentos específicos da história humana, como a antiguidade, os tempos medievais ou um grande conflito como a Segunda Guerra Mundial que oferecem um cenário ideal para aprender história e geografia. Hoje são muito comuns grupos de jovens que gostam de se vestir como guerreiros vikings ou como cavaleiros medievais; são divertimentos que oferecem um ambiente muito rico para aprendizado cultural.

Coisas assim precisam ser incentivadas; um pai que despreza tudo isso e fala algo como “pare de perder tempo com essas coisas e vá aprender algo que dê dinheiro” está agindo de forma bem intencionada, mas com uma enorme estreiteza de visão.

Pensem bem: o que forma profissionais de enorme sucesso hoje em dia é o uso da criatividade; o mercado valoriza pessoas criativas, idéias originais, e não a capacidade de ficar oito horas por dia montando peças numa linha de produção. Se eu incentivo uma criança ou um jovem a sentir prazer no processo de aprender; se o aprendizado adquire sentido para sua vida e se harmoniza com seus valores, podem ter certeza de que acabo de criar o terreno adequado para germinar a criatividade. Motivar alunos é desenvolver novas habilidades e competências que eles nem sabiam que existiam, é mostrar uma nova perspectiva para o futuro. Apoiamos a idéia que treinamentos e cursos de coaching para professores e educadores devem ser incentivados para que possam utilizar dessas técnicas revolucionárias para motivar alunos e a si mesmo.

É exatamente nisso que o coaching pode dar sua maior contribuição: trabalhar a motivação dos alunos, despertar neles essa curiosidade pelo mundo que os cerca, esse desejo de desenvolvimento.

Como complemento sugiro a leitura do artigo Coaching para Estudantes - O que é coaching escolar, onde explicamos mais detadalhadamente o que é coaching para Estudantes e o que é Coaching Escolar, uma metodologia que pode ajudar a motivar alunos e professores em sala de aula.

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Marcelo Leandro de Campos tem experiência de 15 anos como palestrante de Autoconhecimento e treinamentos motivacionais e comportamentais; é professor de Educação Financeira na EGDS e Master Coach. Para contato e maiores informações visite minha minha página pessoal.