Em tempos em que o congresso nacional regulamenta uma série de profissões criando novas regras às vezes paro para refletir sobre a Profissão Mãe, sim, daquelas mulheres que tem um ou mais filhos e que por algum motivo precisam dedicar tempo integral a eles, a família, ao lar e por isso não podem exercer uma profissão. Se pararmos para pensar a mãe dona de casa, ou como é tradicionalmente tratada “do lar” exerce uma carga horária muito maior do que qualquer trabalhador comum, sem dia de folga na semana e sem hora extra, você pensa que é exagero? Não meu amigo é a pura verdade.
Na crônica para o dia das mães intitulado Profissão Mãe escrita por Marcelo Dias de uma maneira bem humorada é apresentada a realidade de uma mãe que se sente humilhada na hora de preencher um simples cadastro e é simplesmente denominada dona de casa. Nada contra as donas de casa, pelo contrário, a questão aqui é que neste caso estamos falando de uma mãe que se dedica integralmente aos filhos e a família. Na história a mãe indignada se auto intitulada "Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas" o que é uma grande verdade. Convido o leitor a se deliciar com essa bela crônica sobre a aventura de uma super mãe e mais do que isso, refletir sobre o respeito que devemos prestar a essas trabalhadoras sem descanso.
Uma mulher chamada Ana foi renovar sua carteira de motorista. Pediram-lhe para informar qual era sua profissão. Ela hesitou, sem saber como se classificar.
"O que eu pergunto é se tem algum trabalho", insistiu o funcionário.
"Claro que tenho um trabalho" exclamou Ana. "Sou mãe!"
"Nós não consideramos mãe um trabalho. Vou colocar dona de casa", disse o funcionário friamente.
Não voltei a lembrar-me desta história até o dia em que me encontrei em situação idêntica. A pessoa que me atendeu era obviamente uma funcionária de carreira, segura, eficiente, dona de um título sonante.
"Qual é a sua ocupação?" perguntou.
Não sei o que me fez dizer isto. As palavras simplesmente saltaram-me da boca para fora: "Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas."
A funcionária fez uma pausa, a caneta de tinta permanente a apontar pra o ar, e olhou-me como quem diz que não ouviu bem.
Eu repeti pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas.
Então reparei, maravilhada, como ela ia escrevendo, com tinta preta, no questionário oficial.
"Posso perguntar" disse-me ela com novo interesse "o que faz exatamente?"
Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, ouvi-me responder: "Desenvolvo um programa de longo prazo (qualquer mãe faz isso), em laboratório e no campo experimental (normalmente eu teria dito dentro e fora de casa).
Sou responsável por uma equipe (minha família), e já recebi quatro projetos (todas meninas).
Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mulher discorda?).
“O grau de exigência é a nível de 14 horas por dia (para não dizer 24)”
Houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária, que acabou de preencher o formulário, se levantou, e pessoalmente abriu-me a porta.
Quando cheguei em casa, com o título da minha carreira erguido, fui recebida pela minha equipe: uma com 13 anos, outra com 7 e outra com
Do andar de cima, pude ouvir meu novo experimento - um bebê de seis meses - testando uma nova tonalidade de voz.
Senti-me triunfante!
Maternidade... que carreira gloriosa!
Assim, as avós deviam ser chamadas Doutora-Sênior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas, as bisavós Doutora-Executiva-Sênior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas e as tias Doutora-Assistente.
Uma homenagem carinhosa a todas as mulheres, mães, esposas, amigas, companheiras, Doutoras na Arte de Fazer a Vida Melhor!
(Marcelo Dias)